sábado, 14 de agosto de 2010

A solução para Ronaldo...

O Ronaldo Fenômeno agora tá de frescura em seu twitter patrocinado trocando mensagens de auto-ajuda com o carola do Kaká. O cara que já há um bom tempo deu ao filho o mesmo nome de um palhaço bizarro de uma rede multinacional de lanchonetes se vê no direito de reclamar das chacotas causadas pelas já célebres fotos do último treinamento no Curintia....Aliás, veja a foto abaixo:

Não é o Ronaldo. O cara acima é o Terrence Cody....um atleta! ou não....que atualmente presta serviços ao Baltimore Ravens na National Football League, uma espécie de oasis onde a obesidade mórbida encontra refúgio nas trincheiras de combate sob pseudônimos como Nose ou Defensive Tackle... Com 22 anos de idade, Cody chegou à NFL nesta temporada após atuar na Universidade de Alabama, com seus 1.93 e cerca de 180 quilos...

Resumindo...Vamos à rápida solução alardeada no título deste post: Se fosse o Ronaldo eu me mata....ops...eu flodava (ohhh um termo cibernético) o nome Terrence Cody no twitter pra essa cambada de otários ignorantes (essa minoria que desconhece até os principios básicos da endocrinologia) saber o que é mesmo não estar em forma de uma vez por todas...


Maaaaaas como o Fenômeno certamente nem imagina que exista algo chamado Terrence Cody, o jeito é seguir twittando com o Kaká, com o craque Neto, com o Gilberto Barros ou talvez quem sabe choramingar nos braços do Ronald Mcdonald...aparentemente um palhaço sensível e humano.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

É amanhã!


É amanhã que este blog completa um ano sem uma postagem sequer! A falta de comprometimento de seu autor prevaleceu de maneira incontestável durante toda essa jornada. Vamos comemorar e esperar que motivação e disposição encontrem meu âmago existencial. Viva!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Varandão da saudade 2


O Brasil enfrenta a Estônia nesta quarta-feira, mas o o que realmente importa é que o Kaká se perdeu pelas ruas de Tallin (foto acima), durante um passeio pela capital estoniana. Como é um rapaz dócil e ingênuo, a notícia não gerou sequer maldosas insinuações, apenas gracejos marotos.

O turista tupiniquim, provavelmente chupando balas de caramelo enquanto se deliciava com um lindo algodão doce, resolveu caminhar pela parte antiga da cidade, desvendando os seus mais profundos mistérios. No entanto, após altas confusões com uma turma do barulho na maior curtição, não soube voltar ao hotel.

Kaká, inspirado pela ilibada bispa Sônia, fez uma oração e logo uma patrulha da polícia surgiu, conduzindo o garoto até o hotel Raddison, onde se encontra a delegação
.

A notícia acima me fez relembrar outro texto antigo que resgato a seguir. Foi publicado em março de 2006, em meio a um bizarro amistoso da seleção brasileira, em pleno inverno moscovita. Brasil x Rússia. Diante de um cenário gélido e inóspito, já parecia evidente que a patética preparação de Parreira e seus "comandados" não escaparia de um derradeiro e retumbante fracasso poucos meses depois em gramados germânicos.

No texto em questão, assim como o menino Kaká, outro garoto acaba se separando da delegação em busca de aventuras. O leste europeu, seja ele Tallin, seja ele Moscou, deve ser irresistivelmente sedutor... Acompanhe...



Só sei que o Inverno russo pega, mata e come. Fundamentalista, nunca suportou a indiferença alheia e sempre exigiu aquela forma de respeito que se confunde com o mais puro e simples temor. Puritano, sempre ostentou os temíveis números negativos que se acostumaram a conferir um visual homogêneo e melancólico à eterna paisagem do leste europeu. Além disso, também passou a ditar uma moda que, se por um lado é até elegante e sofisticada, por outro, não excitaria sequer os padres de Boston ou de outras paróquias menos cotadas.

Definitivamente, um cenário que fascina e intimida. Mas claro, um cenário que nenhum cidadão russo com um pingo de conhecimento histórico seria capaz de condenar sua inabalável ferocidade, nem mesmo após uma bela e voraz sessão etílica. Afinal, se não fossem sua volúpia e intensidade, talvez hoje a suástica imperasse e a Rússia não passasse de um grande campo de concentração. Isso sem citar também Bonaparte. Ponto final. Esses argumentos bastam por toda a eternidade. Passa pelo sentimento de gratidão. É isso mesmo, além de respeito, ele exige idolatria, com imensas e gélidas mãos de ferro.


Por isso, é evidente que ele se sentiu gravemente ofendido quando soube pelos jornais oficiais do governo, que dezenas de brasileiros embarcariam na capital russa para jogar uma partida de futebol. Não era possível. Atenção para o incidente diplomático. Figuras tropicalistas ousavam desafiar uma instituição nacional e contrariar a moda vigente, brindando a monótona paisagem com promessas de instantes de fantasia e ilimitada diversidade de cores. Não, isso era a humilhação. “Enquanto eles estiverem aqui, Moscou vai virar Sibéria e a Sibéria vai virar Moscou”, imediatamente sentenciou o irado Inverno russo. Pobre coitado, ele foi humilhado com a inesperada reação alheia.


Confinados no hotel, os tropicalistas festejaram a impossibilidade de treinar. Apesar da ausência de Ronaldinho, organizaram um grande carnaval; cantaram melódicos pagodes; saudaram o fim do comunismo com uma oração ministrada por Kaká; compararam seus novos relógios, correntes, lap tops, e aproveitando que Parreira se trancara no quarto com Ricardinho, Bueno, Carvalho e afins, se acabaram em divertimentos ao lado das Kareninas, Sharapovas, Myskinas ,Dementievas e mais algumas Putins. Até Ronaldo estava se movimentando bem. Sim, o poder de adaptação tupiniquim é superior aos tais nazis.

Deprimido com o fracasso instantâneo de sua ira, o Inverno foi em um busca de um “odivã”, provocando a total inutilidade dos dois primeiros parágrafos escritos aqui, que enalteciam seu poder inabalável.Transtornado, ele sequer percebeu quando o Velho Lobo, encarnando o animal siberiano, discretamente ganhou as ruas de Moscou e o enfrentou como quem nostalgicamente driblava e vencia novamente os defensores soviéticos, franceses ou suecos. Zagallo não queria estar ao lado de Parreira e nem dos festivos jogadores. Ele desejava a solidão. Zagallo seguia em seu passo lento e decidido a caminho da Praça Vermelha.


Ele tinha um encontro marcado com seu sonho póstumo. O desejo pela eternidade. Desejo sempre estampado em um semblante de inveja quando se imaginava diante do mito. Diante do insepulto Wladimir Lênin. Isso mesmo. Treze letras. Wladimir Lênin. O líder soviético embalsamado e residente em um mausoléu na Praça Vermelha desde 1924.

Zagallo também desejava o mesmo destino para ele; seu corpo seria cuidadosamente embalsamado em um mausoléu diante da casa de Juca Kfouri, um segredo que havia sido cruelmente desfeito por Rogério Ceni. Isso mesmo. Anos atrás, o Velho Lobo confiara inexplicavelmente no goleiro tricolor, confidenciando o exótico desejo e pedindo sigilo absoluto. No entanto, Ceni o delatou para vários colegas, causando a ira do Lobo e a solidariedade de Parreira, que passou a rejeitar a convocação do rapaz para a Copa. Enfim, são os bastidores do futebol, meus amigos.


Mas voltando ao cerne da questão, eles já estavam frente a frente. Sim, dois históricos nacionalistas. Zagallo enrubesceu de emoção e Lênin (jogador de basquete nas horas vagas como destacado na foto acima), aproveitando-se da solidão do recinto, graças à retirada da outrora permanente guarda de honra, iniciou o breve diálogo que é transcrito a seguir por mais um jornalista desempregado que transcreve fitas:

Lênin: Oi

Zagallo: Oi

Lênin: Hummm... Isso aqui virou uma Sibéria hoje. Nunca senti tanto frio em toda minha vi...quer dizer...Afinal, onde está o tal aquecimento global? rs

Zagallo: Não sei, mas me diga. O senhor se sente mal?

Lênin: Claro que sim. Queria estar em São Petersburgo, ao lado de mamãe. Mas o maldito Joseph me colocou aqui.

Zagallo: Sim, entendo o amor por sua mãe. Mas me fale um pouco sobre como tem sido sua vi...sua experiência aí.

Lênin: Não entendo seu interesse. Mas...tudo bem. Tem sido uma desgraça. Primeiro, quando me embalsamaram, me molestaram e ainda hoje desconfio de um sujeito com olhar malicioso.Bom, acho que já morreu.. Desde então...toda semana tenho que mergulhar o rosto e as mãos em um liquido terrível e uma vez por ano, tenho que mergulhar nesse mesmo liquido. É pior que aplicação de botox. Enfim...é a morte.

Zagallo: E o que o senhor sentiu com a queda do muro de Berlin?

Lênin: Seu imbecil! Não tenho nada com isso. Quando levantaram eu já estava por aqui.

Zagallo: Perdão. Nunca fui bom em Engenharia. Sempre gostei de futebol e fui soldado na adolescência. Estava inclusive na final da Copa de 50 quando...

Lênin: Sim,eu sei, eu sei ! Até eu já ouvi essa história!

Zagallo: Desculpe... Mas queria dizer que apesar de tudo me sentiria orgulhoso no lugar do senhor. Afinal, o senhor é um símbolo para inspirar gerações de jovens. Como gostaria de transmitir meu amor pelo verde e amarelo, pela amarelinha, pelo meu Brasil penta campeão

Lênin: Ah...você é do Brasil? Sim, ouvia falar muito de seu país quando estava no comando.Vocês já resolveram o problema da febre amarela, das fraudes eleitorais, da pobreza?

Zagallo: Não, ainda não.

Lênin:hauahahahahhauhahhahahahh

Zagallo: Ei...respeite o verde e amarelo!

Nesse instante, os dois jovens partiram para o confronto físico. Logo foram separados por agentes do outro Vladimir, o Putin. Zagallo, alucinado, foi encaminhado para local desconhecido, vociferando que todos teriam que o engolir. Já Lênin foi enclausurado por tempo indeterminado em seu mausoléu, por indisciplina flagrante. Esse fato lamentável fortaleceu a corrente governista que defende a transferência do corpo do ex-líder para São Petersburgo ou para a República da Kalmykia, no sul do país.

Poucos minutos após o incidente, o Inverno, percebendo a ineficiência de sua irada ação, arrefeceu, voltando ao conhecido nível moscovita. Carlos Alberto Parreira foi logo informado e imediatamente convocou os atletas para o treinamento no Lokomotiv Stadium. No entanto, ao tomar conhecimento da orgia que rolava no hotel, o senhor Pé de Uva exigiu que fossem ditos os nomes dos responsáveis. Com o silêncio geral, Ricardinho pediu a palavra e disse que a responsabilidade era toda de Rogério Ceni. Tudo ficou bem. Fique com a ficha técnica:

RÚSSIA 0 X 1 BRASIL

Local: estádio Lokomotiv, em Moscou (Rússia)
Data: 1º de março de 2006, quarta-feira
Horário: 13h (de Brasília)
Árbitro: Massimo Busacca (Suíça)
Gol:
Ronaldo, aos 14 minutos do primeiro tempo
RÚSSIA
Akinfeev; Aleksei Berezutski, Vasili Berezutski, Ignashevich e Zhirkov; Loskov (Bilyaletdinov), Aldonin, Smertin e Aniukov; Arshavin e Kerzhakov. Técnico: Alexandr Borodiuk
BRASIL
Rogério Ceni; Cicinho, Juan (Cris), Lúcio e Roberto Carlos (Gustavo Nery); Émerson (Gilberto Silva), Zé Roberto, Ricardinho (Edmíslon) e Kaká (Juninho); Ronaldo (Fred) e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Varandão da saudade


O texto a seguir foi produzido em 27 março de 2006 e publicado em um blog então capitaneado pelo meu carismático amigo Daniel Camargos. O pano de fundo foi um clássico entre Cruzeiro e Atlético pelas semifinais do Campeonato Mineiro daquela temporada.

O primeiro confronto da série terminou com um empate por dois gols. A segunda partida foi disputada sob forte chuva; antecedida por uma semana recheada pela tensão e a tradicional provocação. No entanto, o roteiro dos anos anteriores acabou se repetindo... O Cruzeiro venceu por 2 a 0 e se classificou para a final, superando o Ipatinga na decisão e conquistando mais um campeonato.
O Atlético não conquistava um título desde 2000 e aquela pungente derrota foi mais um golpe que atingiu ferozmente a sofrida alma alvinegra.

A música "Construção", composição de Chico Buarque, norteou e ditou todo o texto, marcado pela relação de um casal rendido às dores e prazeres do futebol naquele domingo encharcado de clássico. Ele atleticano: nostálgico, lúdico, apaixonado, sonhador....Ela cruzeirense: bem sucedida, organizada, exigente, racional...

Vamos ao texto...


Amou daquela vez como se fosse a última.


Naquele domingo, como sempre, a eterna esperança driblou a velha angústia e atravessou o horizonte nebuloso, o guiando rumo ao imponente cenário colossal. Sai tristeza, sai amargura...Seis anos, quase seis anos sem aquelas sensações de incontido êxtase profundo. Seis anos de suor, lágrimas despudoradas e algumas efêmeras alegrias que apenas iludiram e mantiveram a tal da inabalável paixão desenfreada. Tudo isso tinha que acabar. Não era possível tamanha frustração. Ele queria vencer, sorrir, ele queria gritar, esquecer as mágoas e não apenas sonhar. Ele estava ávido por uma dose de realidade nas veias. Apenas isso. Realidade nas veias...


Beijou sua mulher como se fosse a última. E cada filho seu como se fosse o único.E atravessou a rua com seu passo tímido.


Simplesmente sucumbiu ao desejo devastador que o dominava com classe e requinte em meio aos empurrões e gritos da multidão em transe. O beijo da supremacia. Ela se despediu e partiu em disparada pela direção contrária. Como ela tinha graça, como era veloz, racional e exigente. A sua pungente antítese. Era irritantemente organizada, sempre detalhista, uma administradora de sucesso, capaz de bolar os mais mirabolantes negócios. Foi ela que sempre manteve o casório, foi ela que comprou as casas da família, as estruturou com sofisticação, enquanto o marido se perdia em nostalgias e delírios apaixonados, sonhando com futuros filhos que ela rejeitava por razões meramente racionais.


Foi o beijo fatal. Ele ficou estático, o olhar distante. Foi despertado apenas pela indesejável chuva que teimava em também ser protagonista naquela tarde. Era hora de ir. O duelo iria começar. Mas onde estava aquela confiança esperançosa que lhe prometera companhia? Não estava mais lá. Ele pensou em desistir. Em vão. Quando deu por si, já rompia caminhos, partindo ao encontro de sua paixão doída, com seu passo tímido...



Subiu a construção como se fosse máquina. Ergueu no patamar quatro paredes sólidas. Tijolo com tijolo num desenho mágico. Seus olhos embotados de cimento e lágrima.

Onde estava a maldita confiança de outrora? Ele estava perdido. Subia todos os degraus possíveis, ignorava acenos e sorrisos de desconhecidos que sempre se tornavam velhos amigos naqueles instantes mágicos. Desejava estar sozinho na multidão, desejava ordenar que essa tal angústia procurasse outra morada, de preferência naquela tal direção contrária. Não era para ser assim. Mas era. Tentou resistir. Encheu-se de inesperado brio e ouviu um grito rasgar os céus da cidade.

Todos de pé. Começa o espetáculo. Gladiadores no gramado molhado. A arte faltou, viu? Talvez esteja em alguma viagem romântica pelo túnel do tempo, o certo é que não vem mesmo. Sem chance. Mas para ele não faz falta. O que importa é a raça, o orgulho e a vitória. Com olhos injetados, acompanha cada jogada, cada lance, cada dividida. .Ele é atacado pela esquerda, é desconcertado por um drible impiedoso, um lançamento preciso em sua área, um cabeceio potente e um sutil tapa de luva, uma senhora defesa.


Gritos, muitos gritos... Respira, controla, faz como fazia o Mané, ele implora para um moço que nem lembra o nome. Mas como pedir isso a um João? Melhor esquecer e partir para outra investida construída com cuidado, com carinho, mas sem magia, sem sucesso. Mais disparos, mais oportunidades perdidas. E ela vai e vem num desenho mágico. Ummm...agora é maltratada a coitada, quantas caneladas. Ele se nega a ver, se perde em mais pensamentos nostálgicos e desperta com a dor de um impacto carente de sutileza. O cartão vermelho e o mau presságio. Ele não costuma errar. O silêncio ao seu redor é como uma iminente marcha fúnebre. Decide não acompanhar o lance. Como muitos outros, abaixa a cabeça, fixa o olhar no cimento gelado e aguarda o êxtase adversário. Autoriza o árbitro. A explosão, uma lágrima que cai e um imediato chamado no maldito celular. “Amor, você está aí?”...

Sentou pra descansar como se fosse sábado. Comeu feijão com arroz como fosse um príncipe. Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Intervalo de jogo. Um a zero no placar. Ele não quer saber de mais nada. Chega disso. Vamos falar de política. Será que o Palocci é culpado? Ninguém responde. Cada um está ocupado com seus próprios monólogos delirantes. Melhor comer algo. Sentado em um canto ele contempla seu farto prato plástico e traiçoeiro. É preciso cuidado para manter o equilíbrio. Vá rápido!!! Coma seu feijão, coma seu arroz, beba sua cerveja. Isso, com garfadas frenéticas, goles vorazes, enquanto ela não rola...


Dançou e gargalhou como se ouvisse música. E tropeçou no céu como se fosse um bêbado.

E ela voltou. A confiança voltou, não se sabe porquê. O segundo ato está em ação. Ele já avança, já toca na direita, domina pela grande área, bate cruzado e encontra as redes, pelo lado de fora. Que emoção... Ele dança, se junta aos seus amigos e salta como se ouvisse o gol tão sonhado. Mas, em meio ao delírio, sofre um contragolpe, uma trama adversária altamente perigosa. Está desprotegido, tropeça nas próprias pernas, mas o inimigo gentil, manda um inofensivo disparate para sua fácil defesa. Alivia a tensão cidadão...

E flutuou no ar como se fosse um pássaro. E se acabou no chão feito um pacote flácido.

Agora, decide ousar, atacar com velocidade e decisão, por dentro e pelos flancos. Está envolvendo, está assombrando o inimigo, provocando preocupação, levantando sua voz. O ataque é pela direita, ele encara a marcação e é atingido ferozmente. Cartão vermelho no verde gramado. Explosão de esperança. Ele flutua no ar como se fosse um pássaro. O gol está próximo. É questão de tempo, como diria o velho comentarista que nega a aposentadoria. Bola parada. O levantamento é feito na grande área, a trajetória parece promissora, olhares angustiados por todos os lados, o goleiro salta e faz a defesa. Seguem-se movimentações frenéticas de ambos os lados. Um jogo aberto e recheado de erros. Ele ainda vive seu sonho até que sofre o golpe fatal. Uma inspirada investida adversária pela direita, uma seqüência de dribles e um arremate perfeito, no angulo superior direito do gol. O goleiro está no chão, ele também, feito um pacote flácido.


Agonizou no meio do passeio público. Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.

Os minutos passam. Ele é humilhado por dribles provocantes e reage melancolicamente. Nada mais acontece ao seu redor. Ignorado pela sorte e pela vida, ele agoniza em meio à multidão que se dispersa velozmente. Ouve os gritos na direção contrária e se prende aos pensamentos, aqueles pensamentos repletos de mitos e heróis. O árbitro apita. O espetáculo termina. A multidão finalmente vai embora em silêncio. E ele? Não vai embora? Será que morreu na contramão atrapalhando o tráfego? Não, ele não morreu. Ele não é disso. Basta avistar sua sorridente amada ao longe para que se levante e parta rumo ao seu lar. No caminho, ele dará uma entrevista a uma rádio local e lavará a alma com pedidos desesperados e patéticos. Não tenham dúvidas. Ele voltará.



Final Atlético 0 x 2 Cruzeiro (Wagner e Francismar)

Semifinal do Campeonato Mineiro, 26 de março de 2006

terça-feira, 21 de julho de 2009

Os parceiros de Romário


O baile de debutante da conquista do tetra nos Estados Unidos é uma grande efeméride esportiva do ano. O disparo de Roberto Baggio, a dramática vitória, a homenagem à Ayrton Senna, a taça erguida pelo chucro Dunga, são memórias que se eternizaram no panteão de glórias do futebol brasileiro.

O time comandado pelo burocrático Parreira primava pelo grande controle da posse de bola, garantido por uma segurança e força física jamais vistas numa seleção brasileira. Na realidade, aquele time seria um autêntico selecionado europeu, um completo sepultamento do estilo leve e envolvente tupiniquim, se não fosse a presença de Romário. O cerebral atacante estava no auge de sua carreira, com seu genial estilo minimalista, capaz de transformar pequenos espaços em latifúndios de criatividade e imaginação. Com ele em campo, o Brasil era realmente Brasil.

Na sequência, uma pequena lista com apenas alguns dos inúmeros parceiros de Romário. Uma inocente homenagem à sua turbulenta, irresponsável e brilhante trajetória.

Bebeto

O baiano chorão nunca foi um peixe de Romário. No entanto, em campo exibiam uma fina e invicta sintonia, marcada por descolamentos e passes envolventes que resultaram em 47 gols pela seleção brasileira. Além do tetracampeonato, estiveram juntos na histórica conquista da Copa América de 1989, encerrando um incrível tabu de 40 anos.

Romário também tem uma indireta dívida de gratidão com o franzino rapaz ; na última rodada do Campeonato Espanhol (93/94), o Deportivo de Bebeto enfrentava o Valencia, necessitando apenas de uma simples vitória para conquistar o título. No final da partida, a equipe de La Coruña teve um pênalti a seu favor; entretanto, Bebeto, o cobrador oficial, não quis bater. Dukic cobrou e perdeu. O empate sem gols deu o título ao Barcelona de Romário.

Aliás, na disputa de pênaltis contra a Itália, Bebeto seria o último a bater pelo Brasil, caso Baggio tivesse convertido seu disparo. O baiano agradece eternamente aos seus orixás.


Hristo Stoichkov

O extraordinário e temperamental meio-campista foi grande parceiro de Romário no título espanhol da temporada 93/94. O búlgaro contribuiu muito para as performances que renderam o título de melhor jogador do mundo ao brasileiro naquela temporada.

Na Copa do Mundo de 1994, a Bulgária de Stoichkov foi uma das grandes surpresas, mas acabou eliminada na semifinal diante da Itália. A derrota impediu um encontro diante do Brasil, numa final que provavelmente seria menos truncada e mais lúdica que a sufocante decisão por pênaltis no Rose Bowl em Pasadena.

Após a aposentadoria em 1999, Hristo Stoichkov se aventurou como treinador (seleção da Bulgária 2004/07, Celta de Vigo 2007), mas esteve distante da excelência dos tempos de jogador.


Chapolim Colorado

Não há como ler ou ouvir algo a respeito de Romário na imprensa latino-americana (em especial a argentina) não acompanhada da alusão ao anti-herói mexicano. O carinhoso apelido não deixa Romário muito feliz, mas tem lá suas semelhanças, não se limitando apenas às trapalhadas e confusões ...

Chapolim é baixinho e sempre surge prontamente quando acionado pela famosa súplica: “E agora, quem poderá me salvar?”, invariavelmente seguida de aventuras mirabolantes e finais mais ou menos felizes.

Romário é baixinho (não me diga) e imediatamente atendeu ao chamado de socorro de Parreira, retornando à seleção na partida decisiva das Eliminatórias de 1993 diante dos uruguaios no Maracanã. O Chapolim tupiniquim marcou dois belos gols e selou o passaporte rumo ao tetra.

Ah....Romário também já utilizou a marreta biônica contra um torcedor do Fluminense nas Laranjeiras, contra o argentino Simeone, então no Atlético de Madrid, além de outras vítimas, como Cafezinho do Madureira, Zandoná do Velez Sarsfield e o zagueiro Andrei (que era seu companheiro de time)

Ele só não contava com a astúcia do Luiz Felipe Scolari...


Euller

Euller agora habita a infernal penumbra da Série C com o América Mineiro, mas já teve seus momentos de intenso holofote, com destaque para sua parceria com Romário no Vasco da Gama. Foi ao lado do então filho do vento, hoje uma brisa balzaquiana, que Romário marcou mais gols em uma única temporada em toda sua carreira. Foram 74 gols em 2000...uma marca realmente formidável.



Matemática

A professora Conceição não teve piedade ao reprovar Romário em Matemática na oitava série. Os anos se passaram e tudo levava a crer que Romário e a Matemática nunca protagonizariam uma amizade fraternal.

No entanto, no crepúsculo da carreira do artilheiro, a insólita união aconteceu. A Matemática encarou a parceria, se desdobrou, ignorou substrações e divisões, ampliou somas e estratosféricas multiplicações. A prova final foi adiada algumas vezes e teve que mudar de cenário....

O colossal Maracanã deu lugar ao caldeirão de São Januário numa partida diante do Sport Recife. O pênalti providencial aconteceu. Romário cobrou e marcou o seu mirabolante milésimo gol. O goleiro Magrão foi a vítima...quer dizer...a Matemática foi a vítima...enfim...

Jones Souza Régis

Jones foi um dos amistosos colegas de cela de Romário na semana passada. Ele também varou a madrugada na prisão por não pagamento de pensão alimentícia e aproveitou para trocar passes e impressões com o Chapolim enjaulado.

"Inclusive eu fiquei até de queixo caído quando ele disse que queria ter mais cinco (crianças). Aí eu disse 'nossa!', afirmou o malandrão.

A possibilidade de reencontro de Romário e Jones, ao contrário dos demais citados nesta lista, é muito boa.

sábado, 18 de julho de 2009

O disparate da semana


"Como pode no meio da crise alguém ter dinheiro? O dinheiro do mundo tem que tá em algum lugar. E Deus colocou esse dinheiro na mão de quem? Do Real Madrid, pra contratar o Kaká. Foi uma grande bênção"

O devaneio é da pastora Caroline Celico,a esposa
do Kaká.

Apesar da declaração,o teto da igreja não desabou dessa vez.

O endiabrado

Kaká e a esposa (ainda grávida na foto acima) em evento da Igreja Renascer

O casal Estevam e Sônia Hernandez, fundadores da Igreja Renascer em Cristo, foi condenado em agosto de 2007 pela Justiça norte-americana pelos crimes de conspiração e contrabando de dinheiro. Eles tentaram entrar nos Estados Unidos com US$ 56 mil e declararam à Alfândega que não portavam mais de US$ 10 mil cada um.